Para seus desejos inflamados

Danaë
Quando chega em casa
Posso sentir o cheiro 
Perfume e creme
E óleos 
Com que massageia o corpo
Hoje, leia o nosso poema
Aquele cheio de obscenidades
Aquele que te molha, lateja e morde.
Em seu peito,
O coração late
O sangue percorre a toda velocidade
As veias de seu corpo
O seios intumescem, túrgidos
Já doem aflitos
Buscando em vão meus lábios
E chove, chove
Em sua pele ávida
Com fome de seu amor poeta
Deixe que eu cante meus poemas
Em sua boca
E nas pétalas de seu corpo
Deixe seguir escrevendo por suas sinuosidades todas
Dê ao fogo o que é do fogo
E se consuma 
Nas labaredas 
Que seja obscena
Que seja impudica 
Que serei senhor do seu desejo.
Hoje, Danaë,
Com suas mãos delicadas,
No calar da noite,
Seremos você e eu em seu pensamento
Guiarei seus dedos
Em secretas carícias
Aninharei seu ninho
Em segredo
Escutarei seus abafados gemidos
Aflitos
Como tudo que é proibido
Gostoso 
Como tudo que não pode
Eu como 
Eu bebo.
Beberei do seu vinho
De uva jovem
Não vamos esperar envelhecer
Antes de fermentar
Vou te colher 
Com minha boca, meus dentes, minha língua
Com mãos firmes
Vou me agarrar a ti
Escalarei seus belos montes
Jamais me fartarei de ti
Mas, hoje, só hoje
Será minha sem ser
Dona de si 
Gozará pra mim
Amanhã, amanhã...
Será minha de fato
Nosso crime consumado 
E te amarei de amanhã até depois de amanhã
E depois de amanhã e depois e depois
E depois então, eu te amarei de novo
Hoje, só hoje
Faça pra mim

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