À esquerda de tudo

Por favor,
algemem o poeta
mantenham-no enclausurado
Assim ficará melhor
Cubram seus olhos
Amarrem, amarrem suas mãos
Proíbam os celulares
Cancelem o Wi-Fi
Amordacem-no
Matem-no?
Não
Correm esta sua língua lasciva
arranquem do peito
O coração pulsante
Despelem sua carne fraca
Poeta maldito
Os poetas são perigosos
Eles amam
Que absurdo!
Como podem!
Putos!
Insistem em seguir 
Uma coisa infantil
Chamada coração
Sentimento, sentimento!
Ah, me poupe poeta!
Vai procurar trabalho!
Vagabundo!
Matem 
Matem todos
Eles choram pelos cantos
E bebem vinho
E não sentem frio
Poetas vadios
Algemem-no
Não permita que fale
Voz de poeta canto
São sereias disfarçadas
Não
Não escutem um poeta
Se escondem
E atirem pedras
Poeta desgraçado
Que morram de fome
E de frio
O mundo cinza
É muito mais produtivo



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