Missiva
Lino

Ela, 
A quem tanto canto,
Pede-me
Calma, Bardo!
Ah amiga minha!
Sei que são tantas as esferas
Sei que o tempo é grandeza eterna
Sei que já esteve em meus braços
Tempos áureos... 
A Sabedoria infinita 
Não permite que me lembre de tudo
Descobrir que me teve e que a tive
Toda nossa história escrita nas constelações dos sonhos...
Poderia enlouquecer esta minha pobre existência
Ah sábio tempo
Mestre de todas as coisas
de todos os seres
Educa-me para aceitar 
A espera toda 
O suplício das horas
Que passo fisicamente distante
Daquela a quem canto
Ah minha doce mística
Só você entende meu canto
Criptografado para as almas impuras
Canta comigo
Canta!
Uma canção louca, desvairada
Cantemos a noite de seus cabelos
Voarão borboletas na floresta escura
Vamos
Voemos juntos
Pássaros noturnos que somos
Durante o entardecer
Revelemos nossa verdadeira face
Nus, Loucos, correremos entre as árvores
Nos amaremos ali mesmo
Protegidos pelo Fagus 
Que eu percorra seu corpo como gota perfumada
Liberando todos seus poros da prisão
Qual serpente me enrosque do cóccix 
à nuca
E cintilemos flavescente tesouro
O amanhã é breve
O hoje tarda tanto, tanto...
Como pode, Ó Barda,

em noite escura estarmos tão iluminados? 

Comentários

  1. Parabéns Lino, você sempre nos surpreendendo com seus belíssimos poemas!

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