De rasteiro linguajar
Lino Poeta
Quem poderia desvendar
O quão mortal sou
Debaixo da pele da onça
Que inda ontem corria nos campos
Faceira, indomável, ligeira
Há quem diga que não falo rasteiro
Cheio de pomposidades demais
Coisa de quem faz gracejo
Mas por aqui também sofro
É por sofrer que canto
Apesar dos dentes afiados
E dos golpes certeiro
A vida é de mistério seu moço
Não vê não
Até bicho brabo sofre
Amuado fica, desconsolado
Imagine eu... Então
Sangria desatada por dentro
Não há remédio pra tal mal
Mas quando tenta sair
Ah, engulo tudo de novo
A lágrima salgada escorre
É dentro peito que arde
Ah, antes aquela moça
Tivesse levado é dinheiro
Um pedaço de um dedo
Uma perna ou um braço que vá
Mas que ela levou não é matéria física
Não pesa, não
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