Cantares impuros II
lino
Como não reparar em seu olhar
que em silêncio me devora
ainda que seja discreta
seu corpo é a flor sedosa
em que meus olhos descansam
na relva verde, farei nossa cama
faça de meu peito seu travesseiro
repouse a cabeça de pensamentos desconexos
seus lábios são de fita vermelha, perfumados de mirra
quero minha pele avermelhada
quero todas minhas partes perfumadas
com seus beijos inebriantes
incense meus poros com seu hálito
sua língua, meu leite e meu mel
Alimenta-me, pois sou faminto
são de montes Líbanos e jasmim
o aroma que me enfeitiça
e que se origina em suas mais íntimas vestes
Diga-me
Quem é você que no clarão do dia
aparece linda como a lua
resplandecente como o sol?
Quem é você que me rouba
até de mais sagrados pensamentos
fiz em ti meu sacrário mais adorado
abra a porta, minha querida
olorosa e delicada porta que não ouso bater
é com um beijo ou vários que funcionam como senha
Ansioso espero que seu desejo a invada
e que seja impossível não se abrir
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