Narciso


Sou, 
Narciso sou,
Ao amar-te distante
Recriei a ti em mim.
Neste meu corpo covarde
Que o teu invade
Sem pudor
Até mesmo sem sangue
Até mesmo sem carne
Impossível dormir.

Narciso sou
Ao amar-te em mim
Vendo tudo que era meu
Até meu corpo por fim
Incorporar-te.
A sua arte
É fazer a si em mim
E mesmo que partes
Em vão fugistes
Se já a ti... te tenho aqui.
E meu reflexo
A quem tanto amo
Não é a mim
Refletido
No espelho d'água
Não sou eu que busco a mim
E tu que buscas ali
A parte em todo converti
E meu eu metonímico caminha
Vazio de mim
E pleno de ti

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